Iniciado em outubro, projeto foi desenvolvido em blockchain e permitirá a agentes do mercado comercializar eletricidade a partir de fontes renováveis
A AES Tietê inaugurou o primeiro balcão organizado em blockchain no Brasil para comercialização de energia. Com investimento de R$ 3,4 milhões, por meio do programa de P&D da ANEEL, o projeto pioneiro é liderado pela Fohat, companhia curitibana de energy intelligence — que vem se destacando internacionalmente por seus projetos alinhados à política global do setor energético 3D (descentralização, descarbonização e digitalização).
Com a viabilidade da operação do balcão organizado de comercialização de energia, o “Projeto AES Tietê de Energy Intelligence” é um grande avanço para o setor. O ambiente digital permite a compra e venda de energia com a existência de uma contraparte central, que garante a custódia e a liquidação de contratos bilaterais de energia para compradores e vendedores.
Até agora, a compra e venda no chamado Ambiente de Contratação Livre (ACL) acontece no modelo não organizado, ou seja, sem a presença da contraparte central. Isso pode gerar fragilidade na contratação bilateral, dando margem à baixa liquidez e baixa transparência, além de limitar a expansão desse mercado.
A contratação no Mercado Livre de Energia no Brasil (ACL) já corresponde a mais de 30% do mercado brasileiro em volume de energia. Esse mercado está em um movimento crescente de abertura, com previsão de se tornar totalmente livre em 2028, conforme meta da Aneel. A perspectiva é que todos tenham acesso ao ACL e o cliente consumidor poderá comprar energia elétrica diretamente dos geradores ou comercializadoras desse mercado.
Esse projeto pode ser o ponta pé para a comercialização de energia renovável no mercado livre, uma nova aposta das comercializadoras no Brasil. Segundo especialistas de mercado, a fonte fotovoltaica, por exemplo, oferece preços cada vez mais competitivos e já inferiores em comparação com as demais fontes renováveis, como CGHs, PCHs e biomassa, resultado da redução de preços de equipamentos e da competitividade entre empreendedores.
Desta forma, os analistas de mercado acreditam que energia solar fotovoltaica tem todas as características necessárias para se tornar a mola propulsora do próximo grande salto do dinâmico mercado livre de energia no curto, médio e longo prazos.
“Nossa plataforma garantirá, além de segurança financeira, também a confiabilidade de dados e altos volumes de energia transacionados, graças à integração entre as ferramentas de inteligência financeira e registro de contratos criptografados por meio da aplicação de blockchain”, explicou o CEO da Fohat, Igor Ferreira. A Fohat é a primeira e única companhia da América Latina a aplicar blockchain no setor de energia e tem know-how também no mercado australiano, onde a energia é comercializada 100% no mercado livre.
Para complementar o balcão organizado, a Fohat implementará outras soluções de energy intelligence. Uma delas é integrar outras soluções desenvolvidas pela AES Tietê, como Usinas Virtuais de Energia (VPPs) à esse balcão organizado. A companhia também desenvolve um trabalho conjunto com a Energy Web Foundation (EWF), que entregará a possibilidade de emitir certificados de energia renovável (os chamados I-RECs) através da plataforma.
O Brasil é o segundo maior emissor de I-RECs do mundo, com 500 mil certificados emitidos (equivalente a meio milhão de megawatt hora) no primeiro semestre deste ano, ficando atrás apenas da China, de acordo com o REC Market Meeting. A ideia da AES Tietê com essas duas soluções é ampliar sua presença comercial no mercado nacional, atuando cada vez como uma plataforma integrada de energia adaptável às demandas dos clientes, oferecendo soluções sustentáveis e customizadas de acordo com a necessidade de cada um deles.
“Esta iniciativa é mais um importante passo que corrobora com nossa estratégia de digitalização e inovação. Trabalhamos em parceria por diferentes frentes para antecipar as principais tendências do mercado de energia para nosso cliente. Cada vez mais vemos soluções disruptivas tomando o segmento, por isso buscamos estar sempre à frente com projetos pioneiros que possam, no futuro, agregar valor ao nosso negócio”, afirma Rogério Jorge, diretor de Relacionamento com o Cliente e Inovação da AES Tietê.
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