De acordo com a análise, a geração limpa deve superar os problemas de cadeia de suprimentos e apresentar um incremento de cerca de 5% em 2020
Por Ricardo Casarin
Apesar dos graves impactos da pandemia de COVID-19 durante os meses de abril e maio, as fontes de energia renováveis continuarão a quebrar recordes de redução de custos, aponta estudo do Institute for Energy Economics and Financial Analysis (IEEFA). Mesmo durante esse período mais crítico, o setor viu a Emirates Water and Electricity Company (EWEC) conceder um contrato de 1,5 gigawatt (GW) de geração de energia solar a um consórcio formado pela EDF e a JinkoPower, após uma oferta de US$13,50/MWh. Essa tarifa é 13% inferior ao recorde anterior, registrado em janeiro no Catar.
O diretor de estudos financeiros em energia para o sul da Ásia da IEEFA, Tim Buckley, afirma que um dos impactos mais relevantes da pandemia foi o colapso da taxa de juros nos mercados globais desenvolvidos. “A tarifa solar é o resultado direto do custo de capital necessário para instalação e da taxa de retorno do financiamento. No último ano, foi observada uma queda de 20% nos preços de módulos. Dessa forma, as duas variáveis mais importantes para a formação da tarifa sofreram uma queda dramática.”
“Assim, os meses de abril e maio testemunharam o desenvolvimento de uma série de grandes projetos de energia renovável, incluindo o governo do estado da Califórnia (EUA) promovendo sete empreendimentos que totalizam 770 MW de armazenamento por baterias e o anúncio da Siemens Gamesa que a maior turbina eólica do mundo, com 14MW, será comercializada a partir de 2024”, destacou o autor do estudo.
Conforme os custos da geração renovável e dos sistemas de armazenamento seguem caindo, a IEEFA prevê riscos crescentes para empreendimentos de energia térmica. O estudo aponta que o capital disponível para esses projetos está sendo continuamente restringidos, com diversas instituições financeiras anunciando políticas mais severas para o financiamento de usinas de carvão. “Apesar, ou talvez em reconhecimento da pandemia global, os meses de abril e maio viram a manutenção da tendência de aceleração da transição energética”, completou Buckley.
No final de abril, a Agência Internacional de Energia (IEA) divulgou um relatório apontando que as renováveis serão as únicas fontes que irão apresentar crescimento em 2020. De acordo com a análise, a geração limpa, em especial solar e eólica, deve superar os problemas de cadeia de suprimentos e apresentar um incremento de cerca de 5% em 2020.
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