Para Valter Luiz Knihs, diretor da companhia, veículo elétrico se prova útil para o usuário, mas precisa de um investimento maior
Por Ricardo Casarin
O Brasil necessita de políticas de mobilidade elétrica mais consistentes para acelerar a transição energética da frota e melhorar a qualidade do meio ambiente, avalia o diretor industrial e de desenvolvimento de sistemas da WEG, Valter Luiz Knihs. Ele acredita que o desenvolvimento do setor no país pode ser mais lento em relação a outros países, mas é um caminho sem volta.
“O Brasil não tem incentivos explícitos para esse segmento, mas os incentivos indiretos deveriam ocorrer. O Ministério do Desenvolvimento Regional deveria alinhar com as cidades de médio e grande porte demarcações de áreas onde é proibido circular com carros com motor a combustão. Também poderia se definida uma porcentagem da frota de ônibus que deve ser limpa, por exemplo”, disse o executivo, durante webinar promovido pela MegaWhat.
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Knihs aponta como melhor exemplo de legislação do tipo a desenvolvida na cidade de São Paulo. “Foi aprovada a lei, mas a execução está parada. Está na hora de mexer nisso. São Paulo sempre foi pioneira em puxar novas tecnologias no país.”
Ele entende que a frota limpa no Brasil tem como característica própria a presença do etanol, que deve estimular a transição energética por meio de veículos híbridos. “O veículo elétrico se prova útil para o usuário, mas precisa de um investimento maior. A penetração vai ser menor que em países com incentivos. No Brasil, o ritmo de transição pode ser mais lento e puxado pelos híbridos, mas é uma via sem volta.”
O representante da WEG acredita que a expansão do mercado de veículos elétricos pode ajudar a fomentar o setor de armazenamento de energia no país. “Quem tem painel solar pode usar para carregar o veículo e utilizar a energia no horário em que a tarifa da concessionária é mais cara. A possibilidade de gerar a própria energia pode tornar zero o custo operacional do veículo.”
Knihs assinala que o desenvolvimento da infraestrutura de recarga de veículos elétricos irá se expandir em compasso com o crescimento da frota. “Ajudamos a colocar eletropostos em Santa Catarina e eles ficam ociosos. A autonomia das baterias está subindo, o que vai permitir grandes deslocamentos sem necessidade de recarga. Mas para viagens longas, é necessário. Acredito que nas cidades, o carregamento será feito na casa do usuário.”
A WEG atua no desenvolvimento de motores elétricos e inversores de frequência para tração elétrica, que podem ser aplicados em diversos veículos, rodoviários e ferroviários. A companhia também fornecerá o motor para o avião totalmente elétrico desenvolvido pela Texas Aircraft Manufacturing em Campinas (SP).
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