Os 21 projetos de P&D sobre o tema, lançados na chamada pública pela Aneel em 2016, devem ser concluídos no próximo ano
Os projetos sobre como fazer armazenamento de energia em escala comercial no Brasil, oriundos da chamada pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) lançada em 2016, devem ser concluídos no próximo ano. As tecnologias de armazenamento de energia por longo período podem resolver o desafio da intermitência e a sazonalidade das fontes energéticas solar e eólica, que são as mais promissoras do mundo.
“Os projetos de pesquisa e desenvolvimento Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) aprovados para implantação estão próximos de suas conclusões e a expectativa é que, em 2021, sejam apresentadas várias respostas sobre como fazer armazenamento de energia em escala comercial no Brasil”, destaca o presidente da BASE Energia Sustentável, engenheiro, físico e doutor em energia, Demóstenes Barbosa da Silva.
Segundo ele, uma estratégia para ampliar essa participação é a integração entre as energias renováveis, com o objetivo de ganhar eficiência e trazer benefícios ao meio ambiente, à economia e à vida das pessoas. “A diversidade de fontes energéticas renováveis abundantes e a evidente complementaridade entre suas características de sazonalidade e intermitência indicam um enorme potencial de aproveitamento sinérgico entre algumas delas, como a hidroeletricidade e a solar”, explica.
Nesse sentido, ele acredita na possibilidade de operar duas plantas, uma hidrelétrica e outra solar, de forma conjugada, aumentando a energia garantida do conjunto, comparativamente ao modelo atual de operação, cuja otimização é feita no conjunto de todas as fontes conectadas no Sistema Interligado Nacional (SIN). Segundo o engenheiro, essa integração é perfeitamente viável, técnica e economicamente, e esses arranjos têm sido demonstrados em alguns projetos de empresas do setor.
A integração, explica ele, pode ser feita aproveitando-se, por exemplo, áreas remanescentes da construção de barragens e reservatórios das usinas hidrelétricas, bem como áreas sobre as próprias superfícies dos reservatórios, para instalar-se plantas solares sobre o solo e flutuantes.
“A energia solar, que está invariavelmente disponível durante as horas de incidência solar ao longo do dia, pode ser priorizada para o atendimento da geração do conjunto formado com a hidrelétrica, enquanto se preserva água em seu reservatório, invertendo-se a prioridade nos períodos noturnos”, detalha o presidente da BASE Energia Sustentável. Desse modo, o armazenamento de energia resguarda o sistema ante a intermitência e, até mesmo, pode disponibilizar volumes maiores de energia a custos menores, uma vez que sob a forma de hidrogênio, essa energia pode ser armazenada a longos prazos.
Dados do Ministério de Minas e Energia apontam que o Brasil conta com uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, com 83% de sua fonte advinda de energias renováveis. A hidrelétrica tem maior participação, com 63,8%, seguida pela eólica (9,3%), biomassa e biogás (8,9%) e solar centralizada (1,4%).
Segundo o relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), os três últimos tipos de geração de energia somados ultrapassam a geração de energia térmica a combustíveis fósseis. Como resultado, o Brasil tem alcançado uma diminuição da emissão de gases de efeito estufa (GEE) oriundos da geração de energia elétrica. Em 2019, o segmento reduziu em 5% essa emissão, com o avanço, principalmente, das energias eólicas e solar na matriz.
A projeção é que a eólica pode responder por 11% da matriz elétrica em 2024, enquanto a solar pode chegar a 2,4%.
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