Segundo estudo da consultoria Wood Mackenzie, aplicações à frente do medidor continuarão a dominar o setor, respondendo por 70% da capacidade
Por Ricardo Casarin
A capacidade global dos sistemas de armazenamento de energia pode crescer à uma taxa anual composta de 31%, atingindo 741 gigawatts-hora (GWh) em 2030, aponta relatório da consultoria Wood Mackenzie. O estudo mostra que as aplicações à frente do medidor, destinadas às distribuidoras, transmissoras e geradores de energia, continuarão a dominar o setor, respondendo por 70% da capacidade adicional instalada por ano até o final da década.
“Nós percebemos uma queda de 17% nas instalações em 2020, 2 GWh a menos que o previsto antes da pandemia de COVID-19. Esperamos um crescimento ainda tímido no início da década, mas acelerando no final, para permitir a penetração de fontes renováveis variáveis e a transição no mercado de energia”, disse o analista da Wood Mackenzie, Rory MacCarthy.
A consultoria assinala que o setor ainda é um mercado em formação, uma classe de investimento relativamente nova com riscos implícitos. Porém, tanto consumidores finais quanto as grandes empresas parecem interessado em continuar investindo e pouco preocupados com os impactos da pandemia e da recessão.
“As decisões de investimento podem ser adiadas em alguns casos, mas a trajetória geral rumo a transição energética e a necessidade do armazenamento para viabilizá-la não mudaram. Mais do que isso, esse processo tende a acelerar conforme os governos ao redor do mundo buscam uma recuperação econômica mais sustentável, gerando um efeito positivo para o mercado de sistemas de armazenamento”, avalia MacCarthy.
A pesquisa mostra que o EUA está na liderança do setor e responderá por 49% ou 365 GWh da capacidade global acumulada até 2030. A China vem em segundo lugar, também com a expectativa de crescimento exponencial, representando 21% ou 153 GWh da capacidade global acumulada ao final da década. Na Europa, o crescimento deve ser mais lento, com o Reino Unido e a Alemanha dominando o mercado até 2025.
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A analista sênior da Wood Mackenzie, Le Xu, destacou que os sistemas de armazenamento são fundamentais para um crescimento forte das fontes renováveis. “A questão é se essa tecnologia pode capturar fluxos de receitas estáveis no longo prazo. Sistemas mais baratos e com maior durabilidade podem se tornar mais competitivos que carvão, gás e bombeamento hídrico, viabilizando níveis maiores de penetração solar e eólica. Porém, a maioria dos sistemas de íon-lítio tem uma capacidade econômica máxima de 4 a 6 horas, criando uma lacuna no mercado.”
Para a consultoria, o futuro dos sistemas de armazenamento exige baterias seguras de baixo custo, com a fabricação dividida entre sistemas estacionários e veículos elétricos, em razão das necessidades diferentes. A tecnologia de fosfato de ferro-lítio deve ultrapassar o níquel manganês cobalto como a química dominante para aplicações estacionária ao longo da década, passando de 10% do total do mercado em 2015 para mais de 30% em 2030.
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