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Chinesa BYD quer dobrar produção de módulo solar no Brasil

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Chinesa BYD quer dobrar produção de módulo solar no Brasil

Empresa vai contratar 500 pessoas para trabalhar em três turnos na unidade industrial de Campinas (SP)

Por Adriana Dorante

Para dobrar produção de módulo solar, a unidade industrial de Campinas (SP) da BYD voltará a operar em dois turnos no primeiro trimestre de 2021. Hoje, a capacidade atual é de 125 megawatts (MW) por ano e a chinesa pretende expandir para 250 MW. Serão contratadas 500 pessoas para trabalhar em três turnos na tentativa de retornar à produção de 400 MW anuais até junho, alcançando a mesma capacidade que ela operava quando foi inaugurada, em 2017.

Segundo a empresa, a pandemia da covid-19 e, principalmente, a questão dos “ex-tarifários” para importação de módulos estavam afetando a fabricação nacional e impediam o plano de retomada. A isenção temporária de imposto de importação concedida pelo governo federal para vários modelos de painéis solares, polarizou o setor e opôs geradores e fabricantes nacionais. Mas agora o cenário está mais favorável.

“Neste ano, o recuo foi estratégico por causa da covid-19, mas sobretudo pela instabilidade regulatória. Foram expedidos vários ex-tarifários ilegais, o que gerou uma briga muito grande no setor”, afirma o diretor de Marketing e Sustentabilidade da BYD, Adalberto Maluf.

No início, o “ex-tarifário” foi comemorado por empresas que desenvolvem e operam parques solares, mas se tornou um problema na prática. Grandes geradores, como a Enel Green Power, chegaram a entrar na Justiça defendendo que o benefício havia se tornado ineficaz por novas resoluções da Câmara de Comércio Exterior (Camex). Por outro lado, a indústria nacional, já criticava a isenção de imposto desde o início, sob a justificativa de que produzia distorção injusta e minava a competitividade do bem nacional ante o importado.

Na visão de Maluf, o que contribuiu para a melhora do cenário foi que o governo “assumiu o erro” e esclareceu ao mercado os critérios para o benefício, dando transparência ao tema. “Também foram apaziguados mais dois pontos que prejudicavam a indústria: o imposto de importação e PIS/Cofins cobrados sobre os insumos para produção dos painéis. Assim, resolvemos entregar esse plano de retomada da produção”, explicou.

Em relação à pandemia, a queda na entrada de pedidos foi considerável durante abril e maio, mas a recuperação se iniciou no mês de junho. Neste segundo semestre, as vendas de painéis da BYD registram aumento de 40%, puxadas pela demanda de usinas de geração distribuída fotovoltaica para o agronegócio.

Inclusive, a BYD pretende construir no Brasil uma fábrica de células solares, responsáveis pela conversão da radiação para a energia elétrica. Por enquanto, esse componente é importado da China e acoplado ao painel na montagem em Campinas.

“Para aumentar ainda mais a competitividade para que nossa fábrica vire um ‘hub’ da América Latina, queremos produzir células localmente. Mas para isso preciso de, pelo menos, 500 MW garantidos por ano. Nossa meta era erguer essa unidade até 2022, mas ainda estamos aguardando”, afirma Maluf.


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