Tecnologia é ideal para medir o nível de super irradiância nos módulos de energia solar, evitando deterioração e redução da vida útil
O professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e membro sênior do IEEE (organização internacional profissional e técnica dedicada à inovação), Otávio Chase, desenvolveu um sensor de baixo custo que alerta superexposição do sol em placas fotovoltaicas.
O aparelho tem tecnologia IoT (Internet das Coisas), que mede o fenômeno da super irradiância – quando a potência de iluminação do Sol ultrapassa valores comuns à superfície da Terra, avalia a sobrecarga do sistema fotovoltaico e promove o desligamento automático de uma planta solar para proteger o sistema antes que ele seja danificado.
Após detectar o fenômeno por meio de uma escala potencial, o sensor envia alertas para os celulares cadastrados no sistema online, que recebe os avisos e os distribui. A aplicação pode desligar uma placa ou até uma usina inteira, ou numa fase posterior a ser desenvolvida, o sistema poderá perceber que irá ocorrer o episódio e desligar automaticamente a rede, que irá desarmar para evitar a sobrecarga.
O cientista explica que, quando o sistema fotovoltaico é danificado pelo fenômeno da super irradiância – que ocorre quando a irradiação solar atinge valores acima de 1000 W/m2 – e não pode mais gerar energia elétrica, os consumidores passam a usar energia proveniente das fontes não limpas, como no caso do carvão e o diesel. Essas fontes de energia agridem o meio ambiente e contribuem para a emissão de gases poluidores, como o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxidos nitrosos (N2O).
Segundo o cientista, na Região Norte foi identificado irradiâncias na faixa de 1400 W/m2, 40% acima do valor normal por estar localizada próxima à linha do Equador. Desse modo é possível intervir para prevenir danos às placas.
O protótipo do sensor foi validado em julho do ano passado e encontra-se em funcionamento na usina solar na universidade paraense. O custo total do projeto-piloto ficou em R$ 12 mil, realizado com recursos próprios do pesquisador.
O próximo passo será de estudos de viabilidade econômica para produção em maior escala. Chase também vai agregar novas funcionalidades de comunicação e capturas de outras variáveis. “Com recursos de R$ 30 mil/ano, seria possível utilizar o sensor e criar uma estação de monitoramento, mas até agora nenhuma empresa privada nem instituição governamental se interessou no projeto para comercializá-lo”, disse.
“Ao contrário da ideia de que usar placas solares no Norte ou Nordeste do Brasil não é tão eficiente, devido ao superaquecimento causado pelas altas temperaturas, essa sobrecarga não é por conta da temperatura ambiente, mas pelo fator da super irradiância, que acontece no mundo inteiro, principalmente em regiões próximas à linha do Equador e de clima tropical, localidades que tendem a ter bastante tempo nublado”, complementou.
O projeto, segundo Chase, é de grande importância para a ampliação dos sistemas de energia solar no Estado do Amazonas único a não estar incluído no sistema isolado de energia elétrica – não integrado ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Na região Norte, ainda grande parte dos municípios usa muito diesel e gás, no sistema termelétrico, para produzir energia. “É preciso incentivar o uso de energia solar e investir nesse sistema limpo que não agride o meio ambiente”, adverte o professor”, reforçou.
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