Fonte limpa ainda tem muito espaço para expansão em relação a outras alternativas para geração de eletricidade, segundo Flávio Wacholski, diretor da Tera Energia
A energia solar no sistema de geração distribuída (GD) é a mais promissora para expandir a oferta energética em Santa Catarina. De acordo com o engenheiro Flávio Wacholski, diretor da Tera Energia, com grande participação no Estado, o potencial hidráulico catarinense já está em exploração pelas PCHs, restando pouco espaços para novas usinas e novos projetos de usinas eólicas, pois são mais limitados por conta da proximidade a áreas urbanas litorâneas, por dificuldades em relação a questões ambientais e sobretudo pelas dificuldades de conexão elétrica.
“As usinas solares e a geração distribuída, nos seus diversos modelos de aproveitamento, serão o caminho para a expansão da oferta energética no Estado”, reforça o engenheiro. Ele destaca que o setor será afetado no cenário pós-covid-19 devido ao forte impacto do câmbio, dado que os fabricantes de módulos solares chineses ganharam o mercado brasileiro, e as variações bruscas da moeda afetarão sensivelmente as importações.
“No segmento, não há empreendedores com financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para fabricar os módulos solares fotovoltaicos, bem como expectativas das jazidas de silício para atendimento ao mercado brasileiro. E isso torna a produção nacional uma incógnita para o momento”, destaca.
No caso de médias e grandes empresas, ele acredita que mesmo que o dólar atinja novos patamares ainda há espaço para condomínios e autoconsumo remoto. Já a evolução da GD para residências da classe média poderá sofrer uma retração, até que o câmbio se normalize.
Santa Catarina está em sexto lugar no ranking estadual de geração solar distribuída com 142,8 MW de potência instalada, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). O Estado também é pioneiro no Brasil na área de energia solar por meio da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que, em 1997, instalou e opera, desde então, o primeiro gerador fotovoltaico integrado a uma edificação e conectado à rede elétrica no Brasil. Seu reconhecimento também se deve ao contingente de recursos humanos especializado e de alto nível que, com o tempo, passam a ocupar posições importantes em empresas privadas e públicas.
Devido a sua importância nacional em relação à energia solar, com forte interesse da população pelo uso sistema, Wacholski acredita que as medidas de incentivo do governo de Santa Catarina – isenção do ICMS dada aos consumidores que geram sua própria energia e que tenham uma instalação de até 1 MW – ainda estão muito aquém do esperado.
Na mesma linha, o professor Ricardo Rüther, da UFSC, destaca que hoje não há, de fato, uma política de desenvolvimento ou suporte ao setor solar. “Contudo, por meio dos projetos desenvolvidos pela academia, juntamente com a iniciativa privada e organismos internacionais, é possível perceber o enorme potencial dessa tecnologia em termos de benefícios econômicos e sociais para o Estado”, destaca. Ele complementa que projetos acadêmicos e de pesquisa e desenvolvimento estão formando um contingente de pessoas de alto nível e que estará apto a potencializar a tecnologia no Estado e no País.
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