Energia negociada será gerada no Complexo Solar Serra do Mel 1 e 2, com 270 megawatts de capacidade
A francesa Voltalia anunciou que vai vender parte da produção de energia solar à petroquímica Braskem, proveniente do Complexo Solar Serra do Mel 1 e 2, que será construído no Rio Grande do Norte. Segundo comunicado da empresa, o contrato envolve a comercialização de eletricidade dos empreendimentos, que terão 270 megawatts em capacidade.
Ainda segundo comunicado da Voltalia, o início da construção do projeto está previsto para o segundo semestre deste ano, com comissionamento projetado para o primeiro semestre de 2022.
A companhia negociou parte da produção das usinas (32 megawatts) com distribuidoras de energia em leilão realizado pelo governo brasileiro em outubro, explica a empresa. A outra fatia, no total de 238 megawatts, foi comercializada em contratos privados com empresas como a Braskem e a estatal paranaense Copel.
O contrato com a petroquímica Braskem tem duração de 20 anos. Segundo a Voltalia, as usinas solares serão construídas como parte de um complexo da empresa no Rio Grande do Norte, que inclui também parques eólicos, o chamado cluster Serra Branca.
A parceria entre Voltalia e Braskem ocorre num período de forte movimentação de elétricas em busca de contratos privados de venda de energia para viabilizar novos projetos de fontes renováveis no Brasil.
Grandes empresas de energias renováveis estão investindo no Brasil, por meio de contratos privados no ambiente livre, como uma alternativa aos leilões promovidos pelo governo para contratar, a longo prazo, novos empreendimentos para compra da produção das usinas.
Em 2019, houve um recorde de outorgas emitidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para novos projetos de geração que venderão energia no mercado livre. Do total de 10,8 gigawatts em capacidade emitidos, 82,8% foram para esses projetos que serão negociados no mercado livre. Segundo estudo da consultoria ePowerBay, em 2018, de 6,35 gigawatts em outorgas, apenas 5% buscavam contratos privados.
As outorgas para usinas solares, de acordo com a consultoria, saltaram de 1,33 gigawatt em 2018, para 5,8 gigawats no ano passado, com apenas 3,6% delas direcionadas ao mercado regulado, para atender distribuidoras de energia por meio dos leilões.
O crescimento nas outorgas também pode ser observado nos parques eólicos saindo de 2,35 gigawatts em 2018 para 4,1 gigawatts, com 70% delas prevendo negociar a energia no mercado livre.
Entre 2014 e 2016 houve uma grande migração de indústrias e outras empresas para o mercado livre de eletricidade, em busca de energia mais competitiva. Isso porque nesse período, o ritmo de contratação de empreendimentos nos leilões governamentais no Brasil teve uma redução significativa, enquanto houve uma disparada das tarifas das distribuidoras a partir de 2015.
Os investimentos em projetos renováveis privados continuam crescendo. Inclusive, a portuguesa EDP Renováveis já anunciou um projeto eólico e um solar no Brasil com vendas apenas no mercado livre, para clientes não revelados. No mesmo caminho, a francesa Engie tem implementado complexos eólicos com venda da produção para empresas como o grupo de telefonia Claro.
Ainda segundo levantamento da ePowerBay, os principais agentes que obtiveram outorgas para projetos solares no mercado livre são as espanholas Solatio e Elecnor, a italiana Enel, a EDP Renováveis, a canadense Canadian Solar, incluindo a petroleira britânica BP.
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