Batizada de SolarWood, sistema produz calor e eletricidade com recurso a biomassa e energia solar
Com um investimento de 950 mil euros e parte financiado por uma fintech portuguesa, o Good Shepherd Mission Hospital, localizado em Essuatíni (antiga Suazilândia), na África, acaba de instalar uma tecnologia que vai produzir calor fora da rede e eletricidade com recurso de energia solar e biomassa.
Batizada de SolarWood, a tecnologia foi desenvolvida pela startup portuguesa Innovakeme, que fica na Ilha da Madeira, e permite o fornecimento de energia na região, evita a emissão de 1350,3 toneladas de gás carbônico ao ano, gera uma poupança de 10% na fatura de eletricidade e todo o emprego criado será para mulheres da região.
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A inovação está na integração de diversas soluções de produção e armazenamento de energia nos quatro contentores que constituem a SolarWood: uma solução modular, escalável e replicável desenhada para zonas remotas. Cada unidade tem uma função: uma produz e seca lenha; outra utiliza a biomassa para produzir de forma combinada o calor e eletricidade; o terceiro contentor produz eletricidade a partir de painéis solares; e o último é um sistema de armazenamento e gestão da energia produzida.
Ao todo, a SolarWood terá uma potência de 150kWp (na central fotovoltaica), com capacidade de produzir 80kW de eletricidade e 160kW de energia térmica. A capacidade das baterias é de 50kWh. Atualmente, o hospital tem um consumo anual de eletricidade de 800 MWh e 300 toneladas de carvão para aquecimento de água. A energia consumida vem da rede nacional, a qual é maioritariamente produzida por centrais a carvão (76%).
O projeto vai permitir uma estabilidade do abastecimento de energia ao hospital para que existam menos interrupções do funcionamento e não aconteçam falhas, por exemplo, em meio a intervenção médica. Além disso, a substituição de matérias primas fósseis por energia solar e biomassa certificada vai reduzir em 70% a emissão de gases com efeito estufa, ou seja, evitar a emissão de 1.350,3 toneladas de gás carbônico por ano, o equivalente a 61.377 árvores plantadas.
Além dos benefícios ambientais, o projeto terá um impacto social na região com a capacitação das comunidades locais, a igualdade de género e a melhoria das condições do hospital.
Para além da redução dos custos com eletricidade, 15% dos lucros obtidos pelo “Special Purpose Vehicle” (SPV) (a entidade financeira criada para gerir os fundos) serão direcionados para o Hospital, o que permitirá à instituição melhorar as condições dos serviços prestados e alargar os serviços a mais pessoas e comunidades. Ainda, a promoção da igualdade de gênero numa região onde a discrepância é muito acentuada: a operação permitirá empregar pelo menos 10 mulheres que ficarão encarregadas da manutenção e monitorização da tecnologia no local.
O Good Shepherd Mission Hospital, inaugurado em 1949, é um organismo paraestatal gerido pela Igreja Católica. Tem capacidade para 225 camas com uma taxa de ocupação que chega aos 130%, sendo a instituição responsável pelos serviços de saúde em toda a região de Lubombo, que constitui mais de 1/4 da área total de Essuatíni e onde vivem cerca de 212 mil pessoas, predominantemente de áreas rurais.



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