Segundo estudo da consultoria, ganho de escala dos fabricantes tem gerado redução dos preços dos geradores fotovoltaicos
Por Ricardo Casarin
Os dados de importação de módulos fotovoltaicos nos cinco primeiros meses de 2020 mostram uma tendência de evolução tecnológica e acirramento da competição entre marcas no Brasil, aponta Greener. O levantamento da consultoria também mostra uma trajetória de redução de preços de equipamentos.
“Tivemos a entrada de 2,3 gigawatts (GW) em módulos até maio desse ano. Observamos uma dinâmica interessante, com três fabricantes competindo pela liderança, enquanto em 2019 apenas um despontava na frente dos demais”, disse o diretor da Greener, Marcio Takata, durante webinar promovido pelo Fototalks. “Outras marcas estão tendo uma participação relevante, há uma alta competitividade no país nesses primeiros meses do ano.”
Outra tendência destacada é a mudança de tecnologia dos equipamentos. “A importação de módulos PERC, tanto policristalino quanto monocristalino, totalizou quase 1,3 GW e já ultrapassa o volume dos modelos standard, que foi em torno de 1GW nesse período”, destacou o especialista. “Isso é um ponto fundamental, que pode ter impactos importantes e positivos no mercado.”
Os dados apontam uma entrada acelerada de equipamentos no primeiro trimestre, com média de 550 MW a 600 MW por mês, e uma redução para a faixa de 350 MW a partir de abril. “As negociações são feitas com quatro a cinco meses de antecedência, os volumes de maio foram negociados em dezembro e embarcados em março. Estamos ansiosos para ver os números de junho, que devem refletir mais os efeitos da pandemia”, assinalou Takata.
Ele conta que a evolução tecnológica e o ganho de escala dos fabricantes estão gerando redução dos preços dos módulos, o que pode ser constatado ao longo de 2020. “Os preços no início do ano estavam na faixa de 0,24 a 0,25 US$/Wp, agora estão na faixa de 0,23 US$/Wp. Os módulos policristalinos standard já estão abaixo de 0,20 US$/Wp.”
“Em função da queda de demanda global, novos perfis de contratos estão sendo negociados com descontos ainda superiores. Projetamos preços mais baixos para setembro e outubro”, afirmou o diretor da Greener.
Takata também aponta uma nova tendência de módulos bifaciais no Brasil. “Boa parte dos equipamentos chegando ao país são monofaciais, com predominância cada vez maior da tecnologia PERC. Mas começamos a ter bifaciais, contabilizando mais de 200 MW em importações. O investidor precisa estar atento, a tecnologia tem impactos importantes na estrutura dos projetos.”
Em relação a importação de inversores, a consultoria detectou tendências similares, com aumento de volumes e queda de custos dos equipamentos. “No ano passado, 3.4GW de inversores entraram no país. Só nos primeiros cinco meses de 2020, o total foi de 2.1GW, um volume significativo. Assim como no mercado de módulos, houve um primeiro trimestre acelerado e uma redução a partir de abril. Há uma tendência de redução de custos em todas as categorias de inversores e o mercado começa a ganhar volume.”
“Temos 53 fabricantes atuando no Brasil, é um indicador de relevância no mercado, há interesse de empresas de todo mundo em atuar aqui. É um ano atípico, vamos sofrer os efeitos da pandemia, mas o setor fotovoltaico brasileiro tem fundamentos muito interessantes e, no médio prazo, deve continuar evoluindo”, finalizou Takata.
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