Segundo Thiago Abreu, sócio da consultoria, outro fator preocupante é a incerteza causada pela pandemia do coronavírus
Por Ricardo Casarin
Indefinições e prolongamento das tramitações de dois projetos de lei no Congresso e na revisão da resolução normativa 482 pela Agência Nacional da Energia Elétrica (Aneel) podem gerar um efeito de desaquecimento no mercado de geração solar distribuída, avalia o sócio da G2A Consultores, Thiago Abreu. Ele acredita que situação gera incerteza ao mercado e soma-se aos impactos da crise do coronavírus.
“O Projeto de Lei do deputado Lafayette de Andrada estava no aguardo das audiências para avançar, mas, recentemente, outro projeto foi posto como alternativa e isso vai ter que ser resolvido institucionalmente. A própria resolução da Aneel, que estava na espera dessa definição, tinha como relator o Rodrigo Limp, que acabou anunciado como secretário de energia elétrica pelo ministério de Minas e Energia. Com isso, vai ter que haver uma alteração na relatoria”, explica Abreu.
Uma proposta do deputado Marcelo Ramos foi apresentada na primeira quinzena de março, se antecipando ao texto de Lafayette de Andrada. Os dois projetos tratam de regras do mercado de geração distribuída, definindo um cronograma de redução de incentivos fiscais e formas de remuneração às distribuidoras. Em entrevista ao Portal Solar, ambos os parlamentares garantiram que irão alinhar os dois textos.
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Abreu avalia que o a geração remota tende a ser mais impactada pela nova regulamentação. “A geração local no telhado tende a ser preservada, o foco dos projetos será alguma forma de remuneração pelo uso da rede. A percepção é que grandes grupos se beneficiam pelo uso da compensação.”
O consultor destaca que, durante 2019, o mercado apresentou o forte movimento para se antecipar a regulamentação, temendo que possíveis alterações alongassem o tempo de retorno de projetos de autogeração. “Todos queriam fazer a GD antes de fechar essa porta. Agora, o efeito pode ser o contrário e causar um desaquecimento.”
Contribui para esse cenário uma possível falta de produtos em função do coronavírus, e o encarecimento dos preços diante da forte pressão cambial. O surto do vírus na China, maior produtor global, gerou interrupções na produção e na cadeia de fornecimento de equipamentos. Enquanto isso, o dólar tem operado em máximas históricas, ultrapassando a cotação de R$ 5 reais nas últimas semanas, encarecendo projetos de geração que dependem de componentes importados.
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