Segundo a associação alemã da indústria de energia, apetite de investimentos com apoio estatal não deve enfraquecer, mesmo diante das incertezas causadas pela crise
Por Ricardo Casarin
A associação da indústria de energia solar da Alemanha (BSW) emitiu um alerta que eventuais atrasos na entrega de componentes e falta de mão de obra causados pela pandemia global de coronavírus podem impedir a entrega de projetos dentro dos prazos estabelecidos por contratos de leilões, colocando em risco a elegibidade para incentivos governamentais.
A entidade fez um apelo para que autoridades flexibilizem as datas limites para que empreendimentos fotovoltaicos que estão enfrentando dificuldades por força maior não percam incentivos. “Esperamos que os legisladores equacionem isto rapidamente”, declarou o diretor-geral da BSW, Carsten Körnig, por meio de comunicado. Ele pediu que as penalidades sejam aplicadas apenas para atrasos mais sérios.
Nos últimos meses, o coronavírus tem causado alguns impactos globais no setor, como dificuldades no fluxo de matéria-prima para fabricantes e atrasos na entrega de componentes para empreendimentos. Antes mesmo de se espalhar pelo mundo, o surto gerou o fechamento de linhas de produção na China, o maior produtor global do mercado fotovoltaico.
Quase dez mil casos de coronavírus já foram reportados na Alemanha, um dos maiores mercados de energia solar do mundo e o maior da Europa, com cerca de 50 GW de capacidade instalada. O país tem a meta de alcançar 98 GW até 2030. A BSW avalia que o apetite de investimentos com apoio estatal não deve enfraquecer, mesmo diante das incertezas causadas pela crise. “Os últimos leilões geraram interesse muito acima do esperado. Acreditamos que isso não mudará nos próximos certames”, apontou Körnig.
Recentemente, a BSW elogiou uma decisão do governo alemão em remover uma restrição que iria congelar subsídios ao setor fotovoltaico quando o mercado atingisse 52 GW. Porém, a entidade destacou que a medida ainda não foi legalmente formalizada. Nos últimos meses, analistas alertaram que a Alemanha tenta impulsionar a geração solar ao mesmo tempo que mantém limitações para o uso de terra para projetos. Uma solução proposta seria aproveitar o potencial de 56 GWp em usinas flutuantes das represas do país.
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