Em apenas seis meses, duas avós e duas mães analfabetas já iluminaram 155 casas em comunidade rural de 670 habitantes
A iluminação chegou até a comunidade rural remota de 670 habitantes na região de Atsimo-Andrefana, no sudoeste de Madagascar, na África, graças a quatro mulheres que aprenderam a construir painéis solares para geração de energia elétrica. Em 2018, as avós Marie Tsimadiro e Marinasy, e as mães Tsiampoizy e Modestine foram escolhidas pelos vizinhos para participarem por seis meses do treinamento em energia solar fotovoltaica, ministrado pela Barefoot College, fundada pelo ativista social Bunker Roy, em Tilonia, na Índia.
A jornada foi uma grande aventura, já que elas não sabem ler nem escrever, não entendiam o idioma e nunca se afastaram por mais de 10 quilômetros de Ranomay. Mas o esforço deu certo e as empreendedoras já iluminaram 155 casas em apenas seis meses.
A iniciativa é parte do programa Solar Mammas, iniciado em 2008, que visa treinar mães e avós que não sabem ler e escrever para fazer a instalação e manutenção de sistemas solares, no sentido de iluminar de maneira sustentável as áreas remotas e inacessíveis de onde elas vêm. Elas precisam ter entre 35 e 50 anos, não podem estar grávidas ou amamentando e devem ter apoio da família. O método de ensino é baseado na linguagem cromática, já que a grande maioria nunca foi à escola.
A secretária geral da associação comunitária TSIFA Ranomay, Nantoany Sitra, explica que a população desta comunidade rural é principalmente dedicada ao setor primário, com meios de subsistências limitados. Dessa forma, o projeto oferece vários equipamentos de energia solar fotovoltaica a preços diferentes, desde uma lanterna solar portátil com um painel solar incluído por 0,70 euros (3.000 MGA) a um kit muito completo que inclui um painel solar, baterias de 40W, quatro lanternas portáteis e um regulador de carga solar pelo preço de 2,41 euros (10.000 MGA).
Madagascar é um dos países mais pobres do mundo. Um estudo de 2015 da Agência de Desenvolvimento Rural e Eletrificação (ADER), apontou que 84% da população não tem acesso à eletricidade. Com o apoio do Ministério de Água, Energia e Hidrocarbonetos do país, o programa já treinou quase 40 mulheres, e levou energia para mais de 2 mil lares e iniciou 12 centros de treinamento. O objetivo é treinar 744 mães solares para iluminar 630 mil casas de maneira sustentável até 2030.
“Além de contribuir para a redução da pobreza, capacitando, nesse caso, as mulheres nas áreas rurais, a implementação de energia solar fotovoltaica também colabora para alcançar a meta 7 dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de Agenda 2030, que visa garantir o acesso à energia acessível, confiável, sustentável e moderna para todos”, comenta a diretora geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, Audrey Azoulay.
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