Por outro lado, o Ministério das Minas e Energia diz que irá manter os leilões de contratação de energia por enquanto
Por Ricardo Casarin
A redução da atividade produtiva na China em consequência da crise do coronavírus e a pressão cambial devem trazer impactos para projetos de energia solar no Brasil, incluindo empreendimentos de geração centralizada, avalia o sócio da G2A Consultores, Thiago Abreu. “Acredito que as projeções para o setor devem ser afetadas por essas duas razões: impacto na capacidade de fabricação e entrega de equipamento e a pressão do dólar.”
Ele aponta que encomendas feitas em janeiro, quando a moeda norte-americana estava na casa de R$ 4,20, estão sendo revistas. “O dólar já bateu R$ 5 e os projetos acabam encarecendo. Essa parte econômica do setor está sendo diretamente impactada.” Nas últimas semanas, a moeda operou em máximas históricas, atingindo a cotação de R$ 5 no último dia 16.
Abreu também alerta que a redução da atividade econômica no país, por efeito das medidas de contenção ao vírus, pode trazer como consequência uma menor demanda por energia, afetando diretamente os leilões programados para esse ano. “Embora o ministério das Minas e Energia tenha dito que irá manter os certames por enquanto, esse cenário poderá trazer uma redução da contratação e o preço teto ser afetado. A geração centralizada seria atingida nesse aspecto.” O leilão A-4 para projetos de geração renovável está agendado para ocorrer no dia 28 de maio.
O consultor destaca que problemas de entregas de equipamentos já estão sendo reportados. “Há informações de contêineres que foram para China e não voltaram. É uma situação que gera um impedimento físico para a entrega de equipamentos. Há redução econômica, isolamento de cidades e fábricas fechadas. Isso afeta diretamente a cadeia de componentes.”
A crise do coronavírus vem atingido diretamente o mercado de energia solar antes mesmo da epidemia se espalhar globalmente. O foco inicial na China, maior fabricante global do setor, causou interrupções no fluxo de fornecimento de matérias-primas, interrupções na fabricação de equipamentos e atraso nas entregas. Países ainda avaliam a extensão dos prejuízos a projetos de geração fotovoltaica ocasionados pela pandemia.
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