Há 26 anos, cientista tem buscado alternativas capazes de baratear o processo de conversão da luz solar em eletricidade
Por Cristiane Pinheiro
A professora do Instituto de Química da Unicamp, Ana Flávia, recebeu no mês passado o Prêmio Mulheres Brasileiras em Química e Ciências Relacionadas, oferecido pela Sociedade Americana de Química (ACS), pela sua contribuição no desenvolvimento de alternativas capazes de baratear o processo de conversão da luz solar em eletricidade. A premiação ocorreu um dia após duas mulheres receberem o Prêmio Nobel 2020 em Química pela primeira vez na história.
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A professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foi laureada por sua contribuição no impacto global e social na busca de tornar mais acessível o processo de conversão de energia solar em eletricidade. A pesquisadora tem trabalhado neste projeto há 26 anos.
“Essa pesquisa é extremamente importante atualmente, até pelas questões ambientais pelas quais estamos passando. É imediato que novas tecnologias, novas energias alternativas apareçam em detrimento à queima dos combustíveis fósseis”, explica a professora.
O principal objetivo do prêmio dado à pesquisadora é fomentar a igualdade de gênero na ciência, além de colaborar para que os impactos da diversidade sejam amplamente reconhecidos pelo meio científico. Como recompensa pela conquista, Ana Flávia receberá cerca de U$ 2 mil.
A premiação ocorreu um dia após duas mulheres ganharem, juntas, o Prêmio Nobel 2020 em Química. Na ocasião, Ana Flávia, de 46 anos, aproveitou a honraria para valorizar o papel da mulher na ciência, incentivando jovens pesquisadoras e estudantes da área a serem perseverantes frente às adversidades.
“Nunca desista. Não é fácil, o nosso caminho sem dúvida nenhuma é um caminho muito mais difícil que o que é percorrido pelo sexo oposto. Nosso caminho é muito denso, bastante tortuoso, mas é extremamente gratificante”, diz.
Nos últimos 26 anos, a pesquisadora tem trabalhado no desenvolvimento de alternativas capazes de baratear o processo de conversão de energia solar em eletricidade.
Na avaliação da pesquisadora, a premiação faz um contraponto com uma trajetória histórica onde o meio científico foi dominado por homens. A dupla jornada de trabalho das mulheres colaborou para que, por muitos anos, tivessem dificuldades para triunfar na ciência”, disse.
“As mulheres são multitasks [do inglês, multitarefas]. Então não é só a pesquisa, nós cuidamos da casa, cuidamos dos filhos. […] Nós nunca conseguimos despontar, não é por falta de competência, não é por falta de inteligência”, completou.
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