Segundo documento, setor de renováveis poderia triplicar para 30 milhões os postos de trabalhos no período 2021-2023
Por Ricardo Casarin
Governos podem combinar o estímulo econômico necessário para combater os efeitos da pandemia de coronavírus, com objetivos de médio e longo de descarbonização e desenvolvimento sustentável, ao promover políticas e investimentos públicos na transformação energética, aponta relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA).
O levantamento, intitulado “Recuperação pós-COVID: uma agenda para resiliência, desenvolvimento e igualdade”, descreve ações de estímulo imediato para os próximos três anos (2021-2023) e medidas para uma recuperação de médio prazo ao longo da próxima década.
O documento mostra que, em uma base anual, ampliar investimentos públicos e privados em energia para US$ 4,5 trilhões por ano iria impulsionar a economia global em 1,3%, criando 19 milhões de empregos relacionados a transição energética até 2030. Somente no setor de renováveis, o número de postos de trabalhos poderia triplicar para 30 milhões no período. Cada US$ 1 milhão de dólares investido em fontes de geração limpa criaria três vezes mais empregos do que em combustíveis fósseis.
“As renováveis se provaram como as fontes de energia mais resilientes ao longo da crise atual”, disse o diretor-geral da IRENA, Francesco La Camera. “Essa evidência deveria permitir que governos tomem decisões imediatas de investimento e políticas responsivas para superar esse cenário.”
“Ao elaborar esse plano de recuperação para os governos, a IRENA usa sua competência sobre transição energética para informar os tomadores de decisões nesse momento crítico, sem se desviar das metas em direção a um sistema totalmente descarbonizado até 2050.”
Saiba mais: energia solar
O relatório assinala que dobrar os investimentos anuais em transição para US$ 2 trilhões nos próximos três anos irá fornecer o estímulo efetivo e pode alavancar os investimentos do setor privado em três a quatro vezes. Esse aumento de aporte iria impulsionar o PIB em 1% e criar 5,5 milhões de empregos relacionados a transição em três anos. A IRENA argumenta que apoiar políticas industriais e trabalhistas são necessárias para qualificar capacidades locais e criar polos produtivos e empregos em toda a cadeia de valor.
O levantamento ainda defende que qualquer estratégia de recuperação deve incluir soluções inovadoras e tecnologias emergentes, como o hidrogênio verde, para eventualmente entregar um sistema de energia livre de emissões. Ao investir na comercialização dessas inovações, governos e empresas podem garantir crescimento sustentável de longo prazo.
Nesse cenário sugerido pela entidade, a geração baseada em renováveis seria o pilar do futuro mercado de energia, auxiliado por indústrias de transição, como sistemas de armazenamentos. O transporte movido a combustíveis renováveis poderia ser expandido com incentivos para veículos elétricos e investimentos contínuos em infraestrutura.
“É o momento de investir em um futuro melhor. Políticas públicas e escolhas de investimentos podem criar o fluxo necessário para viabilizar mudanças sistêmicas e entregar transformações energéticas”, afirmou La Camera.
“Conduzir essa mudança em direção a sistemas de energia mais limpos e economias e sociedades mais resilientes é mais urgente do que nunca. Mais do que tudo, é uma agenda global e ninguém deve ser deixado para trás.”
Comments