Entrevista: Rachel Andalaft, sócia-fundadora da REA Consult
Por Andrea Vialli
Brasileira radicada na Alemanha, a consultora e gestora de projetos em energia renovável Rachel Andalaft é sócia-fundadora da REA Consult, empresa que faz parte do consórcio Smart Hybrid. O consórcio, viabilizado pela Câmara Brasil-Alemanha, visa aproximar empresas alemãs que atuam com sistemas híbridos de geração e armazenamento de energia dos empreendedores brasileiros que queiram desenvolver projetos com esse perfil.
Quais são as perspectivas e o potencial para os sistemas híbridos (solar, eólica e armazenamento) no Brasil?
O potencial de sistemas híbridos para o Brasil é enorme e bastante diversificado. Primeiramente, esses sistemas têm muito a agregar tanto na carga (behind the meter) quanto na fonte (after the meter). As aplicações na carga incluem qualidade da energia, back-up, suprimento continuado e diminuição do preço de pico. Para o cliente, isto significa ganhos econômicos no preço médio da energia e na eliminação de perdas em função de variação, corrente e tensão, sobretudo a eliminação de perdas em caso de queda de energia, como ocorre quando uma indústria tem uma interrupção na produção. As aplicações na fonte incluem controle de frequência, aumento da resiliência do sistema e controle de intermitência.
No caso brasileiro, um sistema híbrido voltado ao ambiente de contratação livre (ACL) como adicional de um sistema existente, voltado ao ambiente de contratação regulada (ACR), é um caso particularmente atrativo financeiramente. Além disso, no contexto da modernização do setor elétrico, os sistemas híbridos são uma potente ferramenta de otimização de custos e de ganhos para as comercializadoras de energia.
Em que países os sistemas híbridos estão mais avançados?
Sistemas híbridos já encontram penetração em diversos mercados no mundo todo, sendo EUA e China os principais. Nossos parceiros no Consórcio Smart Hybrid, por exemplo, já implementaram mais de 1.200 sistemas de armazenamento no mundo todo.
Nesse sentido, qual o papel do consórcio recém-criado Smart Hybrid, do qual a REA Consult faz parte? Qual a contribuição que o consórcio pretende dar para que os sistemas hibridos entrem na agenda no país?
O consórcio Smart Hybrid combina quatro empresas com experiência internacional na estruturação e execução de projetos em energia. Nossa proposta de valor é uma solução otimizada, adaptada a cada caso de aplicação do cliente. Além de excelência tecnológica, as quatro empresas participantes do consórcio têm acesso às melhores práticas e preços no mercado mundial e conta, ao mesmo tempo, com uma rede de parceiros no Brasil para a execução dos projetos. O consórcio Smart Hybrid se diferencia pelo know-how tecnológico e pela capacidade de estruturar projetos atrativos aos investidores e financiáveis para o capital de dívida. Essa visão integral da execução do projeto é uma característica única.
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Quais são os principais desafios do ponto de vista da regulação e do investimento no Brasil?
A regulação brasileira ainda não contempla os serviços que podem ser fornecidos por sistemas híbridos. No entanto, este tema está na agenda da Aneel. Em função dos gargalos na conexão à rede, as aplicações na carga assim como a opção de add-on a um sistema existente no ACR, são mais atrativas. Cabe também ressaltar que a introdução de uma bolsa de derivativos de energia, combinado ao PLD horário, aumentará bastante a atratividade financeira destes sistemas e incrementará o modelo de negócio das comercializadoras e também do comercializador varejista.
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