Iniciativa do vereador Bruno Pessuti (PSD) propõe que a prefeitura estabeleça recursos para a instalação dessas estruturas por meio de concessão, parcerias ou convênios
Tramita na Câmara Municipal de Curitiba o projeto de lei do vereador Bruno Pessuti (PSD) que propõe a instalação de placas fotovoltaicas flutuantes nos parques do município. Pela proposta, o poder público pode conseguir recursos para a instalação dessas estruturas por meio de concessão, parcerias ou convênios.
Segundo Pessuti (PSD), que é engenheiro mecânico e professor de energias renováveis para o curso de engenharia ambiental na Unifaesp (Faculdade Anchieta de Ensino Superior do Paraná), a utilização de placas fotovoltaicas flutuantes já é feita em países como Inglaterra e Japão e é utilizado no Brasil na Barragem de Sobradinho (BA). “No caso de lagos como o do Barigui, que tem o objetivo principal de ajudar a conter enchentes, poderia ser aproveitado para a implantação desse sistema e gerar mais de 150.000 KW/h em uma planta com 1 hectare de área”, explica.
Ele acrescenta que, apesar de Curitiba não contar com muitos dias de sol, a capacidade de geração de energia fotovoltaica é superior aos melhores lugares da Alemanha, por exemplo. “Temos índices médios de radiação solar maiores do que a média de países europeus que utilizam essa fonte de energia há muito tempo. As temperaturas mais baixas também potencializam o desempenho do sistema, o que é outra vantagem da cidade”, argumentou.
O vereador lembrou que em outubro deste ano foi inaugurada a Central Geradora Hidrelétrica no parque Barigui para aproveitar a queda d’água existente no local. “Em sequência disso, poderia ser utilizado o potencial solar existente. Por se tratar de um grande lago municipal, é possível destinar uma área dele para a instalação de painéis em suportes flutuantes que irão gerar muita energia e ajudar a reduzir os custos de prefeitura com energia elétrica em longo prazo. Estima-se que investimentos como esse têm um retorno financeiro em seis anos e uma durabilidade de no mínimo 25 anos.”
No dia 7 de outubro, o projeto começou a tramitar oficialmente na Câmara de Curitiba. Após a matéria receber uma instrução técnica da Procuradoria Jurídica ela segue para as comissões temáticas do Legislativo. Durante a análise dos colegiados, podem ser solicitados estudos adicionais, juntada de documentos faltantes, revisões no texto ou o posicionamento de outros órgãos públicos afetados por seu teor. Depois de passar pelas comissões, a matéria segue para o plenário e, se aprovada, para a sanção do prefeito para virar lei.
O Governo Federal inaugurou, em agosto, a primeira etapa da usina solar fotovoltaica flutuante, instalada pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) no reservatório de Sobradinho, na Bahia, com capacidade de gerar de 1 MWp de energia.
No total, a usina flutuante conta com 3.792 módulos fotovoltaicos, instalados em uma área total de 11 mil metros quadrados e uma potência de geração de 1 MWp. Fixada ao fundo do lago por cabos, conta com material próprio para suportar o peso dos geradores solares e dos trabalhadores que atuam na construção e manutenção.
Com essa experiência, o Governo Federal espera expandir a instalação de painéis solares em espelhos da água, para atrair investimentos privados e promover leilões de geração de energia renovável na área de transposição do Rio São Francisco. Segundo os ministérios de Minas e Energia e do Desenvolvimento Regional, é possível garantir recursos para o bombeamento das águas do rio, que hoje custam R$ 300 milhões por ano, com a elevação do potencial energético compreendido pelo Projeto de Integração do Rio São Francisco, estimado em 3,5 GW.
A novidade no Brasil deve servir de modelo para o uso das placas solares ao longo dos 477 quilômetros canais de transposição, aquedutos e reservatórios. Além de gerar energia, as placas devem ajudar a reduzir a evaporação da água. As placas também podem ser implantadas nas laterais do canal.
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