Projeto paulistano Cinesolar alia cultura com energia limpa para democratizar o cinema no País
A cidade de Cabaceiras (PB), conhecida como “Roliúde Nordestina”, a 162 quilômetros da capital João Pessoa, recebeu, no dia 9 de fevereiro, uma sessão do filme brasileiro Canta Maria (2006), estrelado por Vanessa Giácomo e Marco Ricca, por meio de uma tela de projeção alimentada por placas de solares com 200 polegadas.
A sessão cinematográfica faz parte do projeto paulistano Cinesolar criado em 2013 com a intenção de levar filmes e curtas selecionados para destinos que não dispõem de salas de exibição ou para comunidades em que o custo do ingresso de cinema não cabe no orçamento.
Saiba mais: Energia solar
Apesar do apelido de “Roliúde Nordestina”, o município não conta sala de cinema. Curiosamente, a cidade ganhou esse apelido após servir de cenário para uma seleção de filmes brasileiros, como O Auto da Compadecida (2000) e o longa Romance (2008), ambos do diretor Guel Arraes. O próprio Canta Maria também foi rodado na cidade.
O projeto já visitou, em sete anos, 250 cidades e percorreu 20 estados brasileiros. Na jornada são utilizadas duas vans estilizadas que também servem como sala de aula — quando descarregam os equipamentos, os participantes do projeto aproveitam para dar aulas interativas sobre como ocorre a obtenção de energia elétrica por meio de placas solares. Outra atividade oferecida é a oficina de audiovisual em que crianças criam curtas-metragens para serem exibidos à noite.
O projeto é financiado por empresas privadas e leis de incentivo à cultura. “Depois de exibir o filme, abrimos uma roda de conversa com a comunidade para que comentem o filme, contém como as produções se relacionam com eles”, comenta Cynthia Alario, idealizadora e coordenadora do projeto.
Neste ano, o Cinesolar deve passar por outras cidades da região Nordeste e municípios nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul.
Em pleno século 21, os números da Ancine ainda impressionam. Segundo seu último levantamento, 43% dos brasileiros moram em cidades onde não há cinema. No Estado do Alagoas, por exemplo, o número de habitantes por sala de cinema em 2018 era de 11.500. Em São Paulo, o número é de 43.700 habitantes por sala de cinema. Por outro lado, Roraima destaca-se, com 38.400 habitantes por sala.
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