Segundo relatório da AIE, esforços em outras áreas da economia precisam ser intensificados, aponta
Por Ricardo Casarin
Transformar apenas o setor de energia através das fontes renováveis fará com que o mundo atinja um terço das metas para zerar emissões e esforços de descarbonização precisam ser intensificados em outros segmentos da economia, aponta relatório da Agência Internacional de Energia (AIE). A entidade aponta que o desenvolvimento e instalação de tecnologias de geração limpa é urgente para reduzir impactos de áreas como transporte, construção e indústria.
O estudo Energy Technology Perspectives 2020 analisou mais de 800 opções de tecnologias para estimar o que seria necessário acontecer para neutralizar emissões até 2070, ao mesmo tempo em que se garante um sistema de energia seguro e resiliente. A conclusão é de que transicionar apenas o setor de energia para fontes renováveis faria o mundo atingir somente um terço das metas de descarbonização.
De acordo com a AIE, completar os objetivos exigirá devotar maior atenção aos setores de transporte, indústria e construção, que hoje respondem por cerca de 55% das emissões de CO2 dos sistemas de energia. O maior uso de eletricidade nesses segmentos, para abastecer veículos, reciclar metais, aquecer prédios, entre outras aplicações, pode representar a maior contribuição no caminho de zerar as emissões. Porém, ainda é necessário o desenvolvimento de novas tecnologias.
“Apesar das dificuldades causadas pela pandemia de COVID-19, vários desenvolvimentos recentes nos permitiram ter otimismo em relação a habilidade do mundo em acelerar a transição energética e alcançar as metas de energia e clima. Ainda assim, grandes entraves existem. O novo relatório não apenas mostra o tamanho do desafio, mas também oferece orientações vitais para superá-lo”, disse o diretor executivo da AIE, Fatih Birol.
“A fonte solar está conduzindo as renováveis para novos patamares em mercados ao redor do mundo, taxas de juros reduzidas podem ajudar a financiar um número crescente de projetos de energia limpa e mais governos e companhias estão apoiando essas tecnologias. Mas nós precisamos de ainda mais países e negócios envolvidos, precisamos redobrar os esforços para viabilizar o acesso à energia e atacar as emissões da atual infraestrutura em uso no mundo”, alertou o dirigente.
O estudo aponta que o setor de energia e as indústrias pesadas somam cerca de 60% das emissões da atual infraestrutura energética. Essa parcela se expandirá para 100% em 2050 se ações não forem tomadas para gerenciar as emissões dos ativos existentes, sublinhando a necessidade do rápido desenvolvimento de tecnologias, tais como o hidrogênio e captura de carbono.
A entidade defende que garantir que novas tecnologias de energia limpa sejam disponibilizadas a tempo para decisões de investimento será crítico. Em indústrias pesadas, por exemplo, investimentos estratégicos podem ajudar a evitar cerca de 40% de emissões acumuladas da atual infraestrutura desses setores. Acelerar a inovação é essencial para isso e para aumentar a escala das tecnologias de geração limpa necessárias nos sistemas energéticos.
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