Em contrapartida, tendência de queda de preços de equipamentos fotovoltaicos no mercado mundial foi mantida no período
Por Ricardo Casarin
A variação cambial registrada no Brasil causou encarecimento de 10% a 15% nos sistemas fotovoltaicos residenciais entre janeiro e junho de 2020, aponta estudo da Greener. O levantamento, uma prévia da pesquisa semestral do mercado de geração distribuída (GD) brasileiro, mostra que os integradores fizeram um repasse médio de 5% a 10% ao cliente final.
“O que temos na prática é um repasse parcial dos custos. Boa parte do estoque chegou ao Brasil com um cambio mais baixo. A pandemia de COVID-19 também afeta a demanda, gerando incerteza ao cliente final. Nesse momento, os integradores trabalham com margens menores para garantir a retomada do mercado”, explicou o diretor da Greener, Marcio Takata, durante webinar.
Ele destacou que, caso todo o preço fosse repassado, haveria um aumento de aproximadamente 21%. “Considerando que 97% dos módulos são importados, o custo está diretamente relacionado ao câmbio. Os equipamentos representam cerca de 60% do custo total ao consumidor final.”
Especialmente entre março e maio, o real sofreu uma forte desvalorização, com o dólar chegando a picos diários de quase R$ 6,00. Desde o final de maio, a moeda brasileira apresenta alguma recuperação, mas segue aquém dos patamares registrados na virada do ano.
Em contrapartida, a tendência de queda de preços de equipamentos fotovoltaicos no mercado mundial foi mantida no período. “Percebemos uma redução importante, com ganhos de eficiência e escala. É um fator importante na formação do preço final. Dentro do cenário de pandemia e queda de demanda, devemos ver preços significativamente mais baixos na Ásia nos próximos meses”, previu Takata.
Além desses dois fatores, outra variável importante para a atratividade de investimentos em projetos de GD no país são as tarifas de energia. “Especialistas vislumbram um reajuste nacional médio de 7% entre 2020 e 2021. Isso está em grande parte ligado a pandemia e seus impactos no consumo e no equilíbrio econômico das distribuidoras. Se não houvesse a Conta-covid, o ajuste poderia ser ainda mais brusco”, disse o diretor da Greener.
Ele também destacou o papel do financiamento na recuperação da atividade. “Os bancos e agentes financeiros estão melhorando as condições, apesar das restrições de liquidez do mercado. O financiamento vai ajudar bastante a viabilizar uma retomada importante ao setor de GD.”
Takata projeta que ocorra uma estabilização no câmbio com o dólar em um patamar menor do que o atual, de forma que a relação de payback aos investimentos em GD não seja afetado de maneira significativa. “Também teremos discussões importantes de regulação entre o segundo semestre de 2020 e o primeiro de 2021, com a norma 482 e projetos para um marco regulatório. É um fator chave para a atratividade dos projetos.”
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