Segundo Bento Albuquerque, geração distribuída na administração pública reflete as tendências mundiais para o setor elétrico, de maior descentralização e participação cada vez mais ativa dos consumidores
De Brasília
A geração distribuída, especialmente a proveniente de fonte solar, vem apresentando forte ritmo de crescimento no Brasil, atingindo cerca de 3 GW de capacidade instalada. Essa expansão é observada em todas as classes de consumo e tem ganhado espaço também em órgãos públicos, como por exemplo no próprio Ministério de Minas e Energia, na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Temos hoje mais de 900 projetos de geração solar implementados em órgãos públicos no Brasil. Acreditamos que a geração solar distribuída continuará crescendo em todas as classes: residencial, comercial, industrial e também no serviço público, refletindo as tendências mundiais para o setor elétrico, de maior descentralização e participação cada vez mais ativa dos consumidores, tanto na gestão da demanda como na produção da própria energia”, declarou ao Portal Solar o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Em Brasília, uma das marcas registradas do arquiteto Oscar Niemeyer é o jogo de encaixes de luz e sombras que sempre estão presentes nos suntuosos prédios que simbolizam o Poder. Em um dos últimos projetos dele na capital federal, a modernidade vai além dos traços e dos vidros que marcam a obra. A sede da Justiça Eleitoral é precursora no Judiciário no uso de energia solar. O resultado impressiona. A usina minigeradora fotovoltaica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi inaugurada em 23 de novembro de 2017 e já proporcionou uma economia de R$ 1,6 milhão em energia elétrica para a Corte Eleitoral. A estrutura da usina foi instalada no anexo do edifício central do tribunal e utiliza um sistema simples, com a captação da irradiação solar. Para gerar energia, a absorção é feita entre 8h30 e 16h30. Ao meio-dia, ocorre os picos com o sol posicionado em cima das placas fotovoltaicas que compõem o dispositivo. Técnicos afirmam que o sistema traz uma peculiaridade para serviço público porque o material em cima de uma laje. O que exige um intenso monitoramento e ajuste no material. Além da geração de energia, o sistema gera um efeito climatizador natural com a redução da incidência do sol sobre a laje, diminuindo também, por exemplo, o uso, impacto e custo do sistema de ar. De acordo com cálculos da Corte, o empreendimento é responsável pela produção de 20% da eletricidade consumida nos dois prédios do Tribunal. A usina opera com 3.080 módulos de 40 volts de energia cada um, e a estimativa é de que os custos com a implantação sejam pagos com a economia gerada antes de 2024. O investimento para o TSE é de cerca de R$ 5,8 milhões no projeto. A vida útil média do equipamento é de 25 anos. Segundo o engenheiro o eletricista do TSE Alexandre do Nascimento Silva, a energia fotovoltaica é gerada a partir de materiais que não geram nenhum impacto ambiental, como o silício. “Quanto mais irradiação solar, mais energia limpa, não poluente. Em termos de sustentabilidade, não há energia melhor do que essa”, afirmou. A construção da usina minigeradora fotovoltaica atende à Resolução TSE nº 23.474/2016, que prevê a implantação do Plano de Logística Sustentável da Justiça Eleitoral (PLS-JE), e à Resolução CNJ nº 201/2015, normativo elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que recomenda a promoção da sustentabilidade ambiental, econômica e social pelo Poder Judiciário. Outro exemplo Em dezembro do ano passado, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) inaugurou uma usina fotovoltaica. Foram instaladas 2.688 placas nos terraços dos três blocos do Tribunal. A expectativa é de uma economia de cerca de R$ 1 milhão por ano com a conta de luz e recuperar o valor gasto com o projeto em quatro anos.
Na ocasião, o então presidente do TST, ministro Brito Pereira, afirmou que a instalação da usina demonstrava a preocupação da Justiça do Trabalho com o meio ambiente e com os recursos naturais. “É a nossa contribuição para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, por um planeta mais saudável, pensando nas próximas gerações”.
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