Sistema fotovoltaico também pode diminuir choques nas tarifas de energia no Brasil
De acordo com Thiago Abreu, sócio da G2A Consultores, a geração solar pode reduzir a procura por térmicas em meio ao cenário de baixa dos reservatórios. Abreu esclarece, em entrevista ao InfoSolar, que a tecnologia atua na mesma época de maior consumo de energia no verão, sendo capaz de diminuir a pressão sobre os despachos de fontes mais caras para o sistema de energia.
“As usinas fotovoltaicas em operação podem agir como um atenuante no horário da tarde, quando a geração é concomitante com a maior utilização do ar-condicionado no verão. A solar reduz a potência de demanda nessa faixa”, comentou o especialista. Ele também salienta que tal especificidade, em comparação com as fontes térmicas, culmina em uma resposta mais imediata de acionamento no horário de ponta.
No atual momento, os níveis dos reservatórios estão abaixo do previsto para o verão, estação que, geralmente, é mais chuvosa. Segundo os números do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o Subsistema Sudeste/Centro-Oeste vivencia a pior conjuntura, com volume útil menor do que 25%.
Nessas circunstâncias, as usinas térmicas são usadas de forma a impedir um desgaste maior dos reservatórios. Refletindo diretamente nos preços das tarifas de energia do consumidor, a energia termelétrica é mais poluente e mais cara.
Devido a uma decisão do Ibama, o contexto poderá piorar com a possibilidade de modificação da vazão da hidrelétrica de Belo Monte. Conforme a perspectiva da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a atitude, ainda em debate, pode causar um impacto de mais de R$ 1 bilhão aos consumidores.
“Belo Monte tem restrições e os níveis dos reservatórios não estão bons. Após o verão, é esperado um período de seca e o ONS não pode pressionar muito as hidrelétricas, pensando na necessidade futura. A solar consegue atenuar a demanda no horário de ponta, evitando que uma térmica seja despachada fora da ordem de mérito e cause um custo adicional para o consumidor”, destacou o sócio.
Além disso, Abreu afirma que, por meio da aprovação da medida provisória 998, não só a contratação de energia pelas distribuidoras foi permitida, mas também a contratação de energia para as horas de maior consumo, ou seja, de potência. Isso resulta na expectativa para elaboração de empreendimentos híbridos fotovoltaicos com sistemas de armazenamento com baterias. “Abre espaço para um futuro mercado de armazenamento de energia prestando esse tipo de serviço ancilar”, acrescentou.
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