Para especialistas, há uma tendência de ter maior facilidade na aprovação de financiamentos de sistemas fotovoltaicos
Por Ricardo Casarin
Após um cenário de maior restrição durante os primeiros meses da pandemia de COVID-19, a concessão de crédito para sistemas fotovoltaicos de geração distribuída (GD) apresenta uma melhora gradual, apontam especialistas do setor. Expectativa é de que, no médio e longo prazo, as linhas de financiamento e custos de equipamento se tornem cada vez mais viáveis frente aos crescentes custos das tarifas de energia elétrica.
“Estamos vendo uma acomodação do mercado. O banco quer fazer o dinheiro girar, concedendo crédito para um público cada vez maior conforme ele verifica que a inadimplência não está crescendo. É um cenário dinâmico, que faz com as taxas de juros sejam reduzidas”, afirmou o CEO da Sunnit, Lincoln Romaro, durante podcast promovido pela Greener.
Ele explicou que, o impacto inicial da pandemia foi causar um aumento instantâneo dos juros, precificando um risco de curto prazo para os bancos. “As instituições financeiras repassaram esse risco. No final de março vimos altas de 30% a 100% em relação as taxas mensais do cenário pré-covid.”
“Um segundo ponto foi tentar estrangular a carteira. O cenário imediato foi o crédito ficar escasso e caro, trazendo uma piora as condições de financiamento no horizonte de curto prazo. Mas as coisas estão melhorando e já se observa uma melhora no cenário de médio e longo prazo, com os bancos acomodando as taxas, perfis de risco e concedendo um pouco mais de crédito no mercado”, avaliou Romaro.
Ele entende que isso ocorre em função da constatação que o setor de energia solar tem bons pagadores, especialmente de nichos de mercado com fontes de receita de baixo risco. “Compradores dos segmentos residenciais e comerciais são mais afetados pela pandemia, por isso são considerados mais vulneráveis e o crédito é mais restrito. Quem está com a confiança mais alta são os setores que os bancos sabem que não vão quebrar na crise.”
Romaro lista como perfis com tendência a ter maior facilidade na aprovação de crédito para sistemas fotovoltaicos de clientes dos setores da cadeia de alimentos, área de saúde, servidores públicos, clientes residenciais de classe média e alta, produtores rurais e profissionais em serviços básicos, como energia, infraestrutura, saneamento e água.
O CEO da Solfácil, Fábio Carrara, declarou durante o podcast que a perspectiva de longo prazo para este tipo de financiamento não foi muito afetada pelo cenário de pandemia. “A energia elétrica do Brasil continua uma das mais caras do mundo e a tendência é de aumento acima da inflação, com perspectiva de alta de até 20% em algumas regiões em 2021. Já o custo dos sistemas de geração solar distribuída tem caído, apesar do aumento do dólar.”
“O custo do equipamento vai continuar a se viabilizar e as linhas de créditos são cada vez mais atrativas. O cenário positivo do início de 2020 continua, apesar desse período de estresse causado pela pandemia”, assinalou o executivo.
Ele expressou que o cenário de financiamento de GD traz uma perspectiva de contínuo crescimento no país. “É um sistema que não é caro e traz retorno ao cliente. Pesquisas mostram que 93% dos brasileiros gostariam de gerar energia dessa maneira. Porém, apenas 6% da população tem algum tipo de poupança. Se a pessoa não tem capital, ela não consegue investir.”
“Por isso, o financiamento, que em 2015 representava cerca de 10% a 15% das vendas do mercado, hoje responde por 50%. Acreditamos que no longo prazo, 80% das vendas serão financiadas”, completou o executivo.
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