Com contratos de longo prazo, 23.7 GW de energia limpa foram adquiridos por grupos petroleiros, companhias de tecnologia e pela indústria automotiva
Segundo pesquisa realizada pela BloombergNEF (BNEF), em 2020, o volume de compra de energia renovável por corporações privadas aumentou em 18% quando comparado aos números obtidos em 2019, com a Total e a Amazon comandando os investimentos em transição energética. Os dados indicam que, no ano passado, a indústria automotiva, os grupos petroleiros e as companhias de tecnologia conquistaram 23.7 GW de energia limpa por meio de contratos de longo prazo (PPAs), praticamente o dobro dos 13.6 GW comprados em 2018 e ultrapassando os 20.1 GW adquiridos em 2019.
Durante 2020, mais de 130 empresas firmaram contratos de energia limpa. Entre elas, a Amazon foi a compradora principal adquirindo, por meio de 35 contratos separados, 5.1 GW, dentre estes, 3,092 MW de energia solar. No ano passado, a companhia, com capacidade total de 6.5 GW, declarou ser a principal financiadora privada de geração renovável do mundo.
No ranking de corporações privadas, os dez primeiros colocados garantiram, por meio de PPAs, 10.49 GW de energia solar, frente aos 3,884 MW de energia eólica. Kyle Harrison, autor da pesquisa e analista sênior da BNEF, indicou que a confiança das corporações em novos investimentos foi impactada pelos reflexos da pandemia da Covid-19 no âmbito econômico. “As funções internas dessas organizações foram perturbadas pelo cenário global e muitas delas viram suas receitas despencarem”.
Com a compra de 3 GW de energia solar em 2020, a companhia de óleo e gás Total garantiu a segunda posição no ranking. O planejamento de renováveis da petroleira visa zerar emissões até 2050, contando com planos que buscam abastecer todas as suas unidades industriais na Europa até 2025 por meio da utilização de fontes renováveis.
O especialista também destacou que o fato da sustentabilidade integrar a agenda de diversas companhias pode ser comprovado com o aumento contínuo, ainda que mais lento, de compras no ano passado. De acordo com relatório realizado previamente pela consultoria LevelTen Energy, o avanço geral do mercado de PPA quase não foi impactado pela pandemia.
A BNEF afirma que os EUA estão perdendo atuação de mercado para a Ásia-Pacífico e Europa, apesar de terem permanecido no posto de maior mercado para PPAs para corporações privadas. No ano passado, a América Latina e os EUA conquistaram 13.6 GW de energia renovável contratados por empresas, representando uma redução ao valor de 16.3 GW registrado em 2019.
O estudo pontua que essa questão provém de uma queda de 2.2 GW na atividade dos EUA, que lidera o mercado de renováveis na região. No México, a quantidade de contratos foi exaurida devido às políticas do governo. Em contrapartida, segundo o relatório, as regiões Ásia-Pacífico, África, Europa e Oriente Médio dobraram o volume de PPAs em 2020.
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