Reformas no segmento elétrico podem resultar em oportunidades e estimular o potencial renovável brasileiro em conjuntura mundial de descarbonização da economia
A maior dificuldade para que o Brasil consiga transformar o seu potencial renovável em oportunidades de negócios e adquirir investimentos em transição energética consiste na modernização regulatória do segmento elétrico. Essa conjuntura foi delineada por especialistas que integraram no dia 18 de maio o debate viabilizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI).
Entre os participantes do evento, estão Daniel Lopes, diretor comercial da Hytron; Solange Ribeiro, diretora presidente adjunta da Neonergia; e Luiz Augusto Barroso, diretor presidente da PSR. A análise dos integrantes foi que, diante do atual cenário fiscal do Brasil, o país não possui estruturas para impulsionar grandes investimentos públicos na descarbonização e seguir o modelo das principais economias globais.
“O Brasil tem que aproveitar o dinheiro de fora para se transformar no maior hub de energia renovável do mundo. O desafio está no campo regulatório. O país precisa criar condições para capturar o investimento, um ambiente com regras mais claras”, afirmou o diretor presidente da PSR durante a transmissão. “Nosso desafio não é no lado físico, mas em criar condições de mercado para que nosso potencial se traduza em oportunidades”.
Barroso sublinhou que os processos de modernização estão acontecendo em vários países ao redor do mundo. “Isso atinge uma grande quantidade de países. Todo mundo quer seguir na mesma direção e não brigar contra o que é irreversível: geração distribuída, sistemas de armazenamento e abertura de mercado. Toda modernização busca adaptar o ambiente regulatório para acomodar esse cenário”.
Além disso, ele mencionou o PL 5829/19, que determina um marco legal para a geração distribuída no país como essencial para uma tecnologia “que será vencedora”. No entanto, apoiou a ideia de que, para não se basear em subsídios, o texto deverá ser ajustado. “A geração distribuída tem condições de sustentar seu valor”.
Conforme Solange, devido a sua matriz fortemente renovável, o Brasil possui uma boa posição no contexto de descarbonização, e que o empecilho é desenvolver um cenário para que o investimento privado ocorra. “É uma grande oportunidade para o Brasil. Temos renováveis competitivas. O ponto é como utilizar esse ativo enorme. Acredito que o sinal econômico tem que ser correto”.
Lopes destacou que o território brasileiro tem a chance de transformar-se em um exportador de energia renovável. “A Alemanha anunciou que investirá 9 bilhões de euros em hidrogênio verde e sinalizou que 90% do insumo virá de outros países. O Brasil é um player significativo e tem essa oportunidade de receber recursos externos, utilizando as renováveis para possibilitar a transição energética”.
Commenti