Instituto de Energia e Meio Ambiente poderá planejar soluções para universalização da energia elétrica na região
Uma análise inédita feita pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) aponta que 990.103 brasileiros não têm energia elétrica na Amazônia Legal. O estudo, com metodologia analítica georreferenciada, foi desenvolvido para estimar e acompanhar a evolução desse número, em diferentes demarcações territoriais e classes populacionais como povos indígenas, extrativistas, quilombolas e assentados. Dessa maneira, é possível planejar o montante de recursos para suprir o problema.
“A partir desse resultado, poderemos dimensionar o período em que se quer atingir a universalização da energia elétrica na Amazônia e como ir além do acesso à energia para o bem-estar social ao promover também as atividades produtivas comunitárias”, explica Pedro Bara, pesquisador sênior do IEMA.
O IEMA faz parte de uma rede de instituições (que também inclui Absolar, Charles Stewart Mott Foundation, COIAB, Conselho Nacional das Populações Extrativistas, Energia Para Vida, FOIRN, Greenpeace, Instituto Clima e Sociedade, IEE-USP, Instituto Saúde e Alegria, Instituto Socioambiental e WWF) que discute soluções para os obstáculos à universalização do acesso à energia elétrica.
Em abril deste ano, a rede publicou a “Carta aberta da Feira e Simpósio Energia & Comunidades, soluções energéticas para comunidades da Amazônia” com recomendações para resolver o problema da exclusão elétrica nas comunidades remotas da Amazônia.
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Agora, os dados do IEMA vão contribuir com a superação dos obstáculos apontados pela rede ao propor um método de mapeamento atualizado da exclusão elétrica. O Instituto ainda tem a intenção de discutir o uso dessa metodologia com a rede, com o poder público e com empresas a partir dessa ferramenta de referência.
Para Vinicius de Sousa, pesquisador do IEMA, a vida das comunidades com o acesso à energia elétrica muda significativamente, permitindo a ampliação de atividades produtivas, além de trazer benefícios para armazenar vacinas, medicamentos e alimentos, bombeamento de água potável, iluminação para estudo noturno, uso de computadores em escolas, entre outros.
“Também deve respeitar pessoas ou comunidades que não querem ter acesso à energia elétrica. Porém, vale ressaltar que aqueles que gostariam de ter eletricidade, mas estão sem acesso ao serviço público de energia elétrica, passam por dificuldades relevantes diariamente”, destacou.
A pesquisa estima que 19% da população que vivem em Terras Indígenas na Amazônia estejam sem acesso à energia elétrica. Além disso, para a população que vive em Unidades de Conservação, esse número chega a 22% e, para assentados rurais, é de 10%.
Antes do estudo do IEMA, a única base de estudo disponível era o Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas esses dados não acompanhavam a evolução do atendimento com diferentes recortes territoriais.
Segundo a pesquisadora do IEMA, Camila Cardoso, as distribuidoras também têm dificuldade de realizar esses tipos de levantamentos, sendo custosos e demorados. “Agora, estimativas como essa tornam-se uma opção importante principalmente na fase de planejamento”, explica a pesquisadora do IEMA.
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