A produção industrial brasileira corre risco por conta de falta de estratégia integrada e políticas públicas de incentivo à descarbonização da frota
Segundo o sócio-fundador da Elev, Rodrigo Aguiar, é preciso que o país estruture o planejamento da mobilidade elétrica caso queira ser protagonista do setor automotivo futuramente. A Elev presta soluções para o ecossistema de mobilidade elétrica.
O sócio-fundador da empresa, em entrevista ao InfoSolar, aponta que o Brasil já foi um dos pólos automotivos do mundo, mas que hoje está na contramão e perdendo seu parque industrial.
“O Brasil tem ações para a mobilidade elétrica, mas falta sinergia entre elas. Isoladas, essas iniciativas perdem a força. Enquanto outros países estão abandonando os motores a combustão e montadoras já estão criando metas para eletrificação, nós não estamos fazendo nada”, diz Aguiar.
Ele ainda menciona a ausência de interesse do Governo Federal para que sejam realizadas políticas de incentivo fiscais para a mobilidade elétrica, como tem sido realizado por alguns estados. “O carro elétrico paga mais imposto que o veículo a combustão”, destaca o especialista.
De acordo com a Associação Brasileira de Veículo Elétrico (ABVE), em 2020 o crescimento nas vendas foi de 60%, mostrando que isso é uma realidade de hoje e que projeta o Brasil para um cenário futuro.
Além disso, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Elétricos (Anfavea), até 2035, 62% da frota de veículos em território nacional poderá ser de automóveis elétricos.
Ainda há alguns desafios para que isso ocorra, como a facilitar a aquisição dos automóveis, o seu valor e a estruturação brasileira. Aguiar acredita que uma mudança pode ser iniciada a partir de uma revisão do Rota 2030, programa do Governo Federal destinado à modernização e desenvolvimento da indústria automotiva. “Esse programa foi criado para reforçar a posição do Brasil, mas tem problemas que não estão sendo corrigidos.”
Além disso, ele ainda destaca que seria válida uma estratégia que juntasse esforços da mobilidade elétrica com o biodiesel. “Não podemos jogar o setor do etanol fora, mas é preciso uma política adequada dentro do contexto, criando sinalizações positivas para o mercado se adequar.”
O especialista lembra que o país possui diversas montadoras e um grande ecossistema de indústrias e autopeças, o que se torna um benefício para adequação à mobilidade elétrica, mas que políticas públicas claras são fundamentais para isso. “É preciso mudar a chave em relação ao motor a combustão. Não é complicado, mas depende de uma sinalização. Esse movimento é necessário para não perder mais montadoras, como aconteceu com a Ford, e ver o sucateamento de todo o setor”, conclui o especialista.
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